sábado, 2 de junho de 2012

Sou um animal sentimental...

Quem disse que não existe viagem no tempo?
Nesta semana, voltei à minha adolescência e experimentei emoções e sensações daquela época de forma tão vívida e real que me senti naquele tempo.
Fui ao polêmico show "Tributo à Legião Urbana", tão comentado e criticado pela mídia e nas redes sociais.
Sim, o ótimo ator Wagner Moura, escolhido para interpretar as belíssimas canções da banda, não canta bem, desafina e incomoda um pouco os ouvidos mais sensíveis. Sim, o Renato Russo é insubstituível. Sim, Dado e Bonfá já não são os mesmos.
Mas, nada, NADA pôde abafar o prazer daquele momento para 8000 mil pessoas que só queriam deixar a emoção transbordar, cantando, pulando, gritando, chorando ao som daquelas letras melancólicas e sentimentais.
Não era um momento de racionalidade. Como as melhores coisas do mundo, não podia ser explicado, classificado. Somente sentido, vivido.
Não foi um show, foi uma catarse. Não foi um evento, mas uma experiência...
As letras ressoavam com grande força em cada um, da banda ao público. Como se todos conseguissem sentir um pouquinho das dores de Renato Russo, alguém que sentiu o mundo como poucos e que, atravessado por tantos sentimentos e sensações, entristeceu, deprimiu, adoeceu. 
Ele era um "animal sentimental", com certeza.
Penso que somente os que sentem demais vêem sentido nas suas dores e escutam suas palavras com o todo do seu ser e não com um cérebro pensante, crítico e intelectualizado.
Por que as pessoas perdem tanto tempo "intelectualizando" o vivido? Para que tentam explicar o poético?
Já dizia Drummond: "Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida. Mas a poesia (inexplicável) da vida."
Não sou musicista (infelizmente), sou somente uma apaixonada. Mas, acho que boa música é aquela que toca, que envolve, que traz lembranças, que inquieta, que emociona, que marca.
No filme "As canções" de Eduardo Coutinho, pessoas comuns falam das músicas que marcaram momentos de suas vidas (na maioria dramáticos). É um filme simples e lindo. Fala da música sentida e não só ouvida.


O lindo deste filme é que não é feito por especialistas, preocupados em provar seu conhecimento musical e seu bom gosto, refinado e seletivo. É um filme de "gente como a gente", que tem perdas e dores.
Acho que essa foi a beleza do show "Tributo à Legião". Ver no palco um fã cantando, com uma explícita e gigantesca emoção, as canções que marcaram sua vida tanto quanto a minha ou de qualquer outro que ali estava, foi o brilho adicional daquela grande festa. Ele não tinha técnica, nem precisão, mas tinha emoção.
No palco ou na vida, admiro aqueles que sabem que sentir vale mais do que "tecnicizar". 
Mas, essa é outra história...

Não sei qual é A minha canção. Acho que tenho várias, que marcaram histórias e momentos muito distintos.
Mas, escolho para encerrar uma na qual Renato Russo escancara a dor e a delícia daqueles que são sentimentais e um tanto (ou muito) insanos. Por hoje, esta é a minha canção.




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